Em 2023, pesquisadores confirmaram a existência do Zaglossus attenboroughi, conhecido como equidna-de-bico-longo, uma espécie de mamífero que põe ovos e que não era registrada desde a década de 1960. A redescoberta ocorreu nas Montanhas Cyclops, uma região de floresta tropical na Indonésia, onde a espécie foi documentada por meio de imagens de armadilhas fotográficas e relatos de comunidades indígenas locais. O equidna-de-bico-longo é considerado um dos mamíferos mais antigos do planeta, com uma linhagem que remonta a mais de 200 milhões de anos.
O registro recente desse animal raro foi resultado de uma combinação entre tecnologia moderna e conhecimento tradicional. O trabalho colaborativo envolveu biólogos, pesquisadores locais e moradores indígenas, que há décadas relatavam possíveis avistamentos do animal. A confirmação científica foi publicada em 2024 na revista NPJ Biodiversity, trazendo à tona informações importantes sobre a sobrevivência de espécies consideradas extintas ou desaparecidas.
Como o equidna-de-bico-longo foi redescoberto?
A busca pelo equidna-de-bico-longo envolveu diferentes métodos de pesquisa. Entre eles, o uso de armadilhas fotográficas foi fundamental para registrar imagens do animal em seu habitat natural. Em 2022 e 2023, câmeras instaladas em pontos estratégicos das Montanhas Cyclops capturaram mais de 100 fotos em 26 ocasiões distintas, fornecendo provas visuais concretas da presença da espécie na região.
Além das imagens, pesquisadores analisaram marcas características deixadas pelo animal durante a busca por alimento, conhecidas como “furos de nariz”. Esses rastros já haviam sido observados em 2007, indicando que o equidna ainda poderia habitar a área. O envolvimento das comunidades indígenas também foi essencial, pois relatos de avistamentos e mapas participativos ajudaram a direcionar os esforços científicos para locais de maior probabilidade de ocorrência.
Por que o equidna-de-bico-longo é tão especial?
O equidna-de-bico-longo pertence ao grupo dos monotremados, mamíferos que se diferenciam por botar ovos em vez de dar à luz filhotes vivos. Atualmente, existem apenas cinco espécies conhecidas desse grupo, incluindo o ornitorrinco e outras espécies de equidnas. Esses animais são considerados os únicos representantes vivos de uma linhagem que se separou dos demais mamíferos há mais de 200 milhões de anos, tornando-os verdadeiros fósseis vivos.
Historicamente, o equidna-de-bico-longo era encontrado também na Cordilheira Oenaka, em Papua-Nova Guiné, mas nos últimos anos só foi registrado nas Montanhas Cyclops. A redescoberta reforça a importância de áreas pouco exploradas e da colaboração entre ciência e saberes tradicionais para a conservação da biodiversidade.

Quais são os desafios para a preservação do equidna-de-bico-longo?
A sobrevivência do equidna-de-bico-longo enfrenta obstáculos significativos. Entre os principais desafios estão a degradação do habitat, a caça e a expansão de atividades humanas na região das Montanhas Cyclops. O isolamento geográfico e a dificuldade de o ao local também dificultam a realização de pesquisas contínuas e ações de proteção.
- Perda de habitat: O desmatamento e a fragmentação da floresta ameaçam diretamente a espécie.
- Caça: Apesar de rara, a caça para consumo ou comércio pode impactar populações pequenas.
- Falta de informações: A escassez de dados sobre o comportamento e a ecologia do animal dificulta a elaboração de estratégias de conservação eficazes.
De acordo com especialistas, a redescoberta do equidna-de-bico-longo demonstra que outras espécies consideradas perdidas podem sobreviver em regiões pouco estudadas. O registro recente serve como incentivo para a realização de novas expedições e para o fortalecimento de políticas de proteção ambiental, principalmente em áreas de grande biodiversidade e difícil o.
O que a redescoberta do equidna-de-bico-longo representa para a ciência?
O retorno do equidna-de-bico-longo ao registro científico é visto como um marco para a biologia da conservação. A confirmação de sua existência após mais de seis décadas sem registros reforça a necessidade de investir em pesquisas em regiões remotas e de valorizar o conhecimento das populações locais. A descoberta também destaca a importância dos monotremados para o entendimento da evolução dos mamíferos, já que representam uma linhagem única no planeta.
Com mais de 2.000 espécies consideradas “perdidas” no mundo, o caso do equidna-de-bico-longo sugere que a esperança de encontrar outros animais em situação semelhante é real, especialmente em áreas onde a pesquisa científica ainda é limitada. O trabalho conjunto entre ciência e comunidades tradicionais se mostra fundamental para desvendar mistérios da natureza e promover a conservação de espécies ameaçadas.