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Do palco à tevê e de volta ao palco: conheça a trajetória de Caio Paduan

O ator Caio Paduan retorna à tevê com personagem denso em "Paulo, o apóstolo", na RecordTV, e se prepara para estar em Brasília como Jeremias no musical "Como é que diz eu te amo", sobre Legião Urbana. Confira a entrevista

Caio Paduan, ator e produtor -  (crédito: Divulgação)
Caio Paduan, ator e produtor - (crédito: Divulgação)

Caio Paduan é daqueles artistas que fazem da arte uma jornada contínua de reinvenção. Aos 38 anos, o ator carioca consolidou seu nome no teatro, na televisão e também no cinema. Com uma carreira marcada por personagens intensos e projetos autorais, ele se destaca não apenas pela versatilidade, mas pela paixão visível em cada o dado.

Tudo começou ainda na adolescência, numa escola que via a arte como parte da formação humana. "O Colégio Santa Amália me apresentou ao palco, ao jogo cênico e à beleza da expressão artística", relembra o ator, emocionado. Com apoio de professores como Edna, Celso e Edgar, Paduan encontrou no teatro o seu lugar no mundo. E nunca mais saiu dele.

A primeira peça profissional, Good Morning, São Paulo, estreou quando ele tinha apenas 18 anos, sob direção de Deto Montenegro e Candé Brandão. O reconhecimento veio rápido. Em 2011, Caio interpretava o Rei Arthur em Avalon quando foi descoberto por um produtor da Globo. A partir daí, deu vida a Gabriel, protagonista de Malhação Conectados, e iniciou uma trajetória televisiva sólida.

Mas nem a câmera nem a fama o afastaram das raízes. "O audiovisual me encanta, mas o teatro me enraíza", afirma. E é nos palcos que ele se sente mais inteiro. Como em Palhaços, espetáculo que lhe rendeu o Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator Coadjuvante. "Foi um dia tatuado na alma", define sobre a conquista. 

Criador e ator

Mais do que interpretar, Caio assumiu também a direção criativa. Seu batismo veio com Iron - O Homem da Máscara de Ferro, um ópera-rock idealizado durante a pandemia. Inspirado em Alexandre Dumas, o projeto uniu literatura, música e ousadia. "Ali comecei a experimentar a 'criatividade fractal'", conta o sagitariano. Desde então, a vontade de criar e pensar projetos como um todo não parou mais. "Estrear um monólogo este ano é um presente que confirma: estarei sempre voltando ao palco."

Em 2025, Caio retorna à TV na série Paulo, o apóstolo, da Record, vivendo Jonatas, um antagonista denso. "Jonatas é um vilão dolorido. Machuca porque está ferido", explica. Com uma preparação intensa — incluindo mergulho em textos bíblicos, filosofia antiga e construção corporal — ele dá vida a um personagem que instiga e provoca reflexões.

Já no cinema, Paduan investe em outro território: o terror. Silencioso, longa dirigido por Victor Soares, foi uma experiência desafiadora — ainda mais porque ele fez o teste minutos antes de uma cirurgia. "Foi um reencontro com o medo como linguagem poética." E a relação com o gênero não termina aí: ele promete novidades também no palco envolvendo o suspense.

Paixões 

Além da arte, Caio encontra refúgio em outras paixões. O mar, o kitesurf, a música e a literatura são partes indissociáveis de sua vida. "Sempre que entro no mar, é como se reiniciasse o sistema", diz. A leveza com que leva a vida e a intensidade com que mergulha em seus personagens convivem em harmonia. "Não é esforço, é parte de mim."

Com mais de 1 milhão de seguidores, Caio utiliza as redes sociais como uma extensão do seu afeto. "Ali tento mostrar quem sou, o que penso e o que amo." Para ele, os fãs são parceiros de jornada. Cita nomes, lembra rostos, troca carinho. "A rede vira rede de afetos no meio desse mundo frio e digital."

No ano de 2016, Caio Paduan ganhou destaque ao dar vida ao vilão Alex da novela das 19h Rock story. No ano seguinte, em 2017, o ator viveu o delegado Bruno, na novela das 21h O outro lado do paraíso, um dos papéis mais desafiadores de sua carreira. Em 2019, de volta às 19h, deu vida a Quinzinho, em Verão 90, última novela do diretor Jorge Fernando. O ator também fez papéis de destaque na RecordTV, interpretando Abinadabe na série Reis.

No cinema, ele protagoniou o longa Estação do rock. Em 2021, o artista fez parte do elenco do longa Fazendo meu filme, que teve estreia em 2024, baseado na obra da  escritora brasileira Paula Pimenta e dirigido por Pedro Antônio, com o personagem Professor Marquinhos. Além disso, também atuou no filme Ninguém é de ninguém dando vida a Neumes, com direção de Wagner de Assis, um sucesso com distribuição da Sony estreado em 2023. No mesmo ano, o ator participou de um espetáculo da Broadway: The Boys In The Band.

Caio também se prepara para estrear em Brasília a nova temporada do musical Como é que se diz eu te amo, inspirado nas canções da Legião Urbana. Desta vez, como co-produtor e intérprete de Jeremias, vilão carregado de crítica social. "É como escrever uma carta de amor ao país que sonhamos e que ainda podemos ser."

Para ele, estar em Brasília, berço de Renato Russo, é simbólico. "Vai ser emocionante tocar o coração do público com essas canções." E faz questão de anunciar: "Brasília, estamos chegando — e vamos cantar Que país é este? todos juntos!".

  • Caio Paduan, ator e produtor
    Caio Paduan, ator e produtor Divulgação
  • Caio Paduan, ator e produtor
    Caio Paduan, ator e produtor Divulgação

Entrevista | Caio Paduan

Você começou sua carreira artística ainda na escola, com apoio dos seus professores de literatura. Como foi essa experiência e o que o motivou a seguir carreira no teatro?

Tive o privilégio raro de estudar numa escola que oferecia teatro e arte como parte essencial da formação. O Colégio Santa Amália me apresentou ao palco, ao jogo cênico e, acima de tudo, à beleza da expressão artística. Tenho um carinho enorme por essa escola e pelos professores que abriram caminhos — Edna, Celso, Edgar, Ivani, Sandra e tantos outros que acenderam em mim essa chama. Ali nasceu a paixão pelo simples ato de estudar e fazer teatro. E é nela que sigo: ainda apaixonado pelo ofício, pelo rito, pela troca que só a arte nos dá.

Como foi a transição do teatro para a televisão e quais foram os principais desafios que você enfrentou?

A transição foi como mudar de idioma mantendo o mesmo estudo. Saí do palco de Avalon, inspirado nas Brumas de Avalon, direto para os estúdios de Malhação. Foi um salto na carreira. Aprendi a lidar com câmera, luz, enquadramento, e a adaptar a energia cênica a uma linguagem íntima, específica do audiovisual. Mas, no fundo, teatro, tevê ou cinema, tudo é construir humanidade. O desafio muda de forma, mas a missão do ator é sempre a mesma: revelar o humano e o invisível.

Você trabalhou em várias novelas e séries. Qual foi o papel que mais o desafiou e por quê?

Sempre o que estou fazendo agora. O presente é o campo mais fértil do desafio. Jonatas é o personagem que mais me instiga neste momento, justamente por estar vivo em mim. Ele carrega uma complexidade e densidade dramatúrgica que exige tudo o que tenho como artista. O personagem atual sempre será o mais desafiador, porque ele é a travessia do agora.

Além da tevê, você também tem uma carreira sólida no teatro, tanto como ator quanto como diretor criativo. Qual é a sua paixão pelo teatro e como você equilibra sua carreira?

Antes de tudo, obrigado por chamar de carreira sólida, isso aquece o coração. O teatro é minha casa ancestral. É ali, no tablado, que me reconheço. É ali que meu sangue se aquece. O audiovisual me encanta, me desafia e expande. Mas o teatro me enraíza. A direção criativa surgiu como uma extensão desse estudo e amor.  Comecei a idealizar e produzir projetos como quem desenha o próprio destino. Estrear um monólogo esse ano, ao lado de mentes brilhantes como Lucas Papp, Ricardo Grasson e Heitor Garcia, uma dupla de diretores incríveis, é um presente que confirma: estarei sempre voltando ao palco. Sempre!

Você recentemente foi premiado no Prêmio Bibi Ferreira como Melhor Ator Coadjuvante em Peça de Teatro por sua atuação em Palhaços. O que significou para você?

Foi um dia tatuado na alma. Lembro dos ensaios, da entrega e convivência com Zé Rubens Chachá, uma lenda viva, e do olhar sensível do diretor Léo Stefanini. Esse prêmio é do coletivo. Do Carlinhos, Thiago (meu amigo há muitos anos que cantou a pedra antes: “você ganhará prêmio com esse personagem!”) Caique, Bruno, Sérvulo, Pivete e Déo. Ganhamos esse prêmio juntos. A honra de dividir a indicação com Zé Carlos Machado e Elias Andreato, mestres que iro desde sempre, foi um presente à parte. No exato momento em que ouvi meu nome, estava nos bastidores prestes a apresentar outra categoria. Recebi o abraço de Saulo Vasconcellos e da equipe técnica com quem já compartilhei palco. Foi mágico e histórico. Uma noite que vou carregar como relíquia de reconhecimento.

Você assumiu também a vertente de direção criativa, com o espetáculo Iron - O Homem da Máscara de Ferro. Qual foi o processo de criação desse projeto e o que você aprendeu com ele?

Nasceu na pandemia, entre livros e inquietações. Revisitei O Homem da Máscara de Ferro, de Alexandre Dumas, e em uma conversa com Marcos Daud e Ulysses Cruz, senti a centelha. Propus: “Vamos fazer um ópera-rock?”. E eles embarcaram comigo. Iron - O Homem da Máscara de Ferro foi meu primeiro filho artístico, meu batismo na direção criativa, esse lugar onde arte e estratégia se encontram. Ali comecei a experimentar a “criatividade fractal”, uma forma de pensar arte com visão de desdobramentos, de impacto cultural e ousadia. E hoje, com muitos projetos em curso, entendo que esse espetáculo abriu não só portas, mas portais para uma nova fase da minha vida! Em breve conto mais sobre o que estou estruturando com grandes parceiros.

Para 2025, você retorna à Record na nova série Paulo, o apóstolo, dando vida ao personagem Jonatas, seu segundo personagem bíblico. O que você espera desse projeto e como se preparou para interpretar esse personagem?

Espero que o público mergulhe fundo nessa narrativa e encontre nela reflexões sobre fé, poder e humanidade. Jonatas é um vilão dolorido. E como todo ser ferido, ele machuca. Representa uma elite cruel, que usa a religião como moeda e a fé como palco para interesses mesquinhos. Para construí-lo, mergulhei em estudos bíblicos, textos históricos, filosofia da época e principalmente em sua psicologia. O Leandro, nosso preparador, foi essencial nesse mergulho. Um personagem que, na verdade, é mais um ser humano que exige uma construção corporal específica, e eu, como bom nerd, estudei muito e me entreguei ao máximo. Espero que gostem!

Qual é o seu interesse pelo gênero terror e como foi a experiência do longa Silencioso?

Foi desafiador! Sempre adorei o gênero, e me perguntava por que o Brasil não investia mais nele. Silencioso é uma resposta a isso. Dirigido pelo talentoso Victor Soares, que se tornou um irmão, o filme foi um reencontro com o medo como linguagem poética. Entrei no projeto no meio de uma cirurgia de pé e joelho, fiz um teste em vídeo minutos antes de ir ao hospital e ganhei o papel. Estou animadíssimo para a estreia. A atmosfera do filme, roteiro, fotografia do grande parceiro Heitor e a equipe talentosa entregando o máximo, isso tudo fez pulsar beleza e tensão. Um verdadeiro thriller que vai arrepiar o público. O terror, inclusive, está vindo comigo para o palco em breve também. Aguardem!

Como você equilibra sua carreira artística com suas paixões pessoais, como kitesurf, música e literatura?

Com leveza e intenção. A vida precisa respirar. Sempre que entro no mar, é como se reiniciasse o sistema. A natureza, oceano e o silêncio são terapias naturais. Música, livros e cinema é arte! Tudo isso é alimento de alma. Cresci assim, cercado por arte! Não é esforço, é parte de mim. E na correria, entre um set e outro, um palco e outro, sempre cabe uma música, leitura e um mergulho no mar. É isso que me mantém são e inteiro.

Você tem mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais. Como você usa essas plataformas para se conectar com seu público e compartilhar sua arte?

 Com afeto e verdade. Sou muito grato a cada pessoa que acompanha meu trabalho. Gosto de lembrar nomes como Paulo, Mirela, Yasmin e Rafa, porque não são apenas seguidores, são parceiros de jornada. Eles me assistem no teatro e vibram nos bastidores. E essa troca me alimenta. Nas redes, tento mostrar quem sou, o que penso e o que amo. Frases, músicas e ideias, tudo ali reflete um pedaço de mim. A rede vira rede de afetos no meio desse mundo frio e digital.

Você estará na próxima temporada do musical Como é que se diz eu te amo, em Brasília. Poderia nos contar como foi conseguir esse papel?

Foi um encontro que a arte costurou com carinho. O Leonardo Corrêa me viu em Iron - O Homem da Máscara de Ferro e nos conectamos. Inicialmente seria o Maurício, mas a agenda não deixou. Ficou aquele desejo no ar, até que a hora certa chegou. E veio com tudo: agora co-produtor e como Jeremias, um vilão carregado de crítica social, dentro de um espetáculo que fala de juventude, amores, sonhos e política. Sou apaixonado pela Legião Urbana e pelo texto. Estar nesse projeto é como escrever uma carta de amor ao país que sonhamos e que ainda podemos ser!

Qual é a sensação de estar indo à Brasília para uma temporada desse musical? Já foi para Brasília alguma vez? Como foi a experiência?

É como voltar à fonte. Brasília pulsa Legião Urbana. É o berço de Renato Russo e de tantas verdades cantadas em alto e bom som. Estive na cidade apenas uma vez, num evento beneficente, mas agora volto com a alma vestida de música e teatro. Vai ser emocionante tocar o coração do público com essas canções, com essa história e com esse elenco. Brasília, estamos chegando — e vamos cantar Que país é esse? todos juntos! 

 

 


postado em 10/06/2025 08:00
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